domingo, 19 de janeiro de 2014

Noite.




Eu gosto da luz do dia.
Do lado de fora de casa.
Eu gosto de ver a tarde chegar.
E o sol ir se escondendo.
Mas não gosto do sol de meio dia.
Eu gosto do pôr do sol.
Da noite, gosto das luzes amareladas da cidade.
Gosto de ver os pontinhos de luz, distantes.
E ver eles se apagando, quando a madrugada vem surgindo.
Só não gosto do escuro.
Quero sempre estar dormindo quando ele chega por completo.
Mas, às vezes, quem não chega é o sono.
Minha insônia fez parceria com os pernilongos da minha casa.
Ambos me querem com medo, no escuro. E acordada.
Talvez, se eu cansar bastante durante o dia, o sono chega mais rápido, feito criança.
Às vezes funciona. Às vezes, não.
Eu gosto de sentir o vento no meu rosto, no meu cabelo, em um dia que fez bastante sol e no fim da tarde alguém diz: “Ainda bem que não choveu hoje, né?!”
Nesses dias o vento é geladinho e faz a gente esquecer de puxar assunto depois.
Faz com que o silêncio não incomode.
E quando o silêncio não incomoda, as canções soam mais altas, mais gostosas.
Quando o silêncio basta, um olhar é suficiente.
Quando o silêncio existe, o coração pensa alto... depressa.
E quando o coração pensa, ele fala.
Nunca fica calado e parece tagarela demais.
Quando o coração fala, as imagens na janela correm mais depressa também. Ficam sem importância.
E eu, sem jeito.
Pareço me aprisionar, com os olhos parados. Mudo também.
E a percepção do tempo é outra.
As horas passam e eu nem vejo.
As estações passam, eu nem vejo.
A vida passa e...
A noite chega.
O sono não.
Que horas serão agora?