Os ruídos a minha volta se misturam, causando estranheza, confusão e aguçando sentidos adormecidos.
As palavras que há muito se escondiam pedem para sair, calmamente, sem desespero, sem ansiedade, apenas saindo... Uma a uma, lentamente. Sem pretensão, sem coragem e sem motivo.
Com os olhos fechados tudo parece girar e imagino o sol quente lá fora, para curar esse frio incessante e desnecessário.
Sem planos, sem imaginar o futuro. É assim que eu gosto. Sem ter que prever, apenas deixar acontecer e fazer o que me der na telha.
Melodias que me embalam em reflexão, que me inspiram e trazem de volta vontades e desejos esquecidos, deixados pro amanhã.
Uma noite bem dormida, disposição e preguiça ao mesmo tempo. Sem tédio, sem lamentação. É assim que tinha que ser, todos os dias.
Ou não. Conflitos diários valorizam a existência. Nada é tão fácil a ponto de ser desnecessário e facilmente esquecido, e se for, que seja então, sinal que não teve a menor importância. Que sejam livres e deixem espaço para as coisas que realmente importam e que ficam.
E é assim que é. O que tem importância faz bem, de um jeito ou de outro e o que não tem nos abandona e a gente nem percebe. Só o que faz falta realmente importa.
Canções me trazem reflexões discretas, me trazem a liberdade e a leveza de um sonho bom. E me fazem esquecer os dias turbulentos, que por mim não existiriam.
Mas tudo o que existe tem o seu papel. Não cabe a mim escolher, escolheria errado, com certeza. Livre arbítrio casual. Melhor forma de não meter os pés pelas mãos.
Que o sol lá fora aqueça esse inverno solitário.