quinta-feira, 18 de novembro de 2010
(Re) Nascimento.
As pessoas não têm controle algum sobre as próprias emoções. Ele pensava ser forte e astuto o suficiente para enganar seu próprio destino, que tinha tudo premeditado. Cada um vê somente o que quer ver. E nada acontece por acaso.
Chegou a pensar que nada mais tinha sentido. Chegou a pensar que nada mais valia à pena. Todos os dias se questionava sobre o porquê das coisas e da sua existência. Nada mais fazia sentido algum. Seria o final da história? O final da sua história?
Os finais inexistem. Só o que existe é o recomeço. É tudo parte de um ciclo.
Suas experiências, expectativas. Tudo em vão?! Ilusões. Decepções. Recomeço. Não existe final. O final de sua história era apenas o começo de outra. E por onde começar? É tudo sempre tão igual, desde o começo até o final.
Ele se sentia perdido, aflito, eufórico. Mas uma nova esperança acabava de renascer. Quem sabe dessa vez tudo podia ser diferente. Quem sabe dessa vez, nessa nova vida, alcançasse tudo o que sempre sonhou.
Só o que ele não tinha se dado conta era que cada dia era uma pequena vida. E ele já tinha perdido muitas delas. Na verdade, sempre que podia. Será que teria uma nova chance?
Era preciso que ele mesmo o julgasse. Só mesmo ele poderia se dar uma nova chance, tentar tudo que não tentou, tudo que esqueceu, deixou passar. Era complicado demais. Quem é capaz de julgar a si mesmo, adequadamente, sem levar em consideração o benefício próprio?
Ele não achava que era capaz de tanto. Para ele, sua vida inteira e todas as pequenas vidas não passaram de mera tolice. Traquinagem do destino. E era a hora de brincar mais uma vez, de renascer e maquiar sua própria realidade de conto de fadas. Mais uma vez.
Nasceu.
13-08-2010
Ao som de: Sad Piano - Cibelle
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
À luz do sol.
A luz do sol, que ultrapassa a janela, luta para secar suas lágrimas, que correm, rapidamente, por sua face, que brilha. Ela foge da luz e esconde seu rosto, procura a sombra, talvez por medo, talvez por vergonha de ser notada ou talvez por não querer que suas lágrimas sequem assim. As lágrimas secas simbolizam o sofrimento acabado, o que parece estar longe de acontecer. O seu rosto, inclinado, se apóia agora sobre o seu braço, cansado, que luta pra suportar, sozinho, todo o peso de sua dor. E o seu olhar agora se fixa do lado de fora da janela, vendo tudo passar e sua vida sendo a mesma de antes.
A mesma vida de quando sentou naquele banco, há poucos minutos. A mesma vida que ela gostaria de esquecer, pelo menos por um instante sequer. A mesma vida, sofrida, que parece só ter obstáculos, nunca vitórias. A única vida que ela tinha, mesmo sem se orgulhar. Mesmo sem poder escolher. A única vida que tem pra viver.
Talvez ela quisesse ter o poder de fazer passar sua dor, sua vida e sua angústia tão depressa quanto as imagens à sua janela. Aquelas imagens diversas, sem ter tempo pra refletir bem sobre elas, sem ter tempo para entendê-las e visualizar com nitidez, apenas vendo passar corrido, como que adiantando um filme e, simplesmente, parar no momento desejado.
Ou talvez ela simplesmente olhe e sinta que nada pode fazer. As lágrimas não curam. Só a faz lembrar-se da ferida aberta, que dói, que sangra, e que parece que nunca vai cicatrizar. Só molha o ferimento e impede de fechar.
A sua ferida é profunda, parece ter anos ou talvez apenas alguns minutos. As lágrimas são recentes, mas o seu olhar, as suas marcas de expressão e seu sorriso que não existe mais, são de muito tempo.
O seu olhar e expressão sofrida comove e intriga as outras pessoas a sua volta. As faz chorar por nada poder fazer, ou talvez por remorso por ter a deixado ir embora sem lhe perguntar seu estado ou ter feito algo por ela. As pessoas se identificam e choram. E sentem a mesma dor. E a entendem profundamente, pois sentem a mesma dor, assim como ela, todos os dias. E se perguntam e refletem sobre essa imagem, repetida, dia após dia, no mesmo banco e na mesma janela. Ou pelo menos isso aconteceria, caso alguém a notasse. Caso alguém percebesse a sua presença tão banal e tão insignificante.
Ela acorda todos os dias, senta no mesmo banco, na mesma janela e nada acontece. Ela viaja de costas, como que buscando resgatar algo que já foi e não volta mais. Como que esperando que sua vida regresse e ela possa reviver qualquer segundo já passado. Ela viaja de costas na esperança de que ninguém a note e que alguém se importe. Se lamenta, leva as mãos à cabeça, enxuga seu rosto, vermelho, molhado, com o semblante franzido e inchado, de tanto chorar. Enxuga o suor de sua testa e aprecia o vento. Uma brisa suave, leve, que movimenta lentamente seus cabelos, presos, como o seu choro, pra que ninguém ouça. Ela fecha seus olhos e pensa sobre tudo o que passa e ela não pode fazer voltar. Ela percebe a velocidade e fecha seus olhos a fim de esquecer. Ela fecha seus olhos e não quer ver. Mas tem que encarar. Não se pode ficar pra sempre no mesmo banco e na mesma janela.
Não há o que fazer. O sol bate à janela, mas não consegue secar suas lágrimas, nem com a ajuda do vento, suave. Ela se levanta e caminha, lentamente, meio que perdida, sem rumo certo. Ou talvez ela não queira chegar ao seu destino e adie sua chegada o máximo que puder. Mas ela não pode fugir pra sempre. E todos os dias ela irá sentar no mesmo banco e na mesma janela. E ninguém a notará chorando, enxugando as lágrimas discretas, o seu olho avermelhado e seu semblante cansado.
Nada cura a dor de um sentimento que não existe, pois ninguém mais conhece.
11-08-2010
A mesma vida de quando sentou naquele banco, há poucos minutos. A mesma vida que ela gostaria de esquecer, pelo menos por um instante sequer. A mesma vida, sofrida, que parece só ter obstáculos, nunca vitórias. A única vida que ela tinha, mesmo sem se orgulhar. Mesmo sem poder escolher. A única vida que tem pra viver.
Talvez ela quisesse ter o poder de fazer passar sua dor, sua vida e sua angústia tão depressa quanto as imagens à sua janela. Aquelas imagens diversas, sem ter tempo pra refletir bem sobre elas, sem ter tempo para entendê-las e visualizar com nitidez, apenas vendo passar corrido, como que adiantando um filme e, simplesmente, parar no momento desejado.
Ou talvez ela simplesmente olhe e sinta que nada pode fazer. As lágrimas não curam. Só a faz lembrar-se da ferida aberta, que dói, que sangra, e que parece que nunca vai cicatrizar. Só molha o ferimento e impede de fechar.
A sua ferida é profunda, parece ter anos ou talvez apenas alguns minutos. As lágrimas são recentes, mas o seu olhar, as suas marcas de expressão e seu sorriso que não existe mais, são de muito tempo.
O seu olhar e expressão sofrida comove e intriga as outras pessoas a sua volta. As faz chorar por nada poder fazer, ou talvez por remorso por ter a deixado ir embora sem lhe perguntar seu estado ou ter feito algo por ela. As pessoas se identificam e choram. E sentem a mesma dor. E a entendem profundamente, pois sentem a mesma dor, assim como ela, todos os dias. E se perguntam e refletem sobre essa imagem, repetida, dia após dia, no mesmo banco e na mesma janela. Ou pelo menos isso aconteceria, caso alguém a notasse. Caso alguém percebesse a sua presença tão banal e tão insignificante.
Ela acorda todos os dias, senta no mesmo banco, na mesma janela e nada acontece. Ela viaja de costas, como que buscando resgatar algo que já foi e não volta mais. Como que esperando que sua vida regresse e ela possa reviver qualquer segundo já passado. Ela viaja de costas na esperança de que ninguém a note e que alguém se importe. Se lamenta, leva as mãos à cabeça, enxuga seu rosto, vermelho, molhado, com o semblante franzido e inchado, de tanto chorar. Enxuga o suor de sua testa e aprecia o vento. Uma brisa suave, leve, que movimenta lentamente seus cabelos, presos, como o seu choro, pra que ninguém ouça. Ela fecha seus olhos e pensa sobre tudo o que passa e ela não pode fazer voltar. Ela percebe a velocidade e fecha seus olhos a fim de esquecer. Ela fecha seus olhos e não quer ver. Mas tem que encarar. Não se pode ficar pra sempre no mesmo banco e na mesma janela.
Não há o que fazer. O sol bate à janela, mas não consegue secar suas lágrimas, nem com a ajuda do vento, suave. Ela se levanta e caminha, lentamente, meio que perdida, sem rumo certo. Ou talvez ela não queira chegar ao seu destino e adie sua chegada o máximo que puder. Mas ela não pode fugir pra sempre. E todos os dias ela irá sentar no mesmo banco e na mesma janela. E ninguém a notará chorando, enxugando as lágrimas discretas, o seu olho avermelhado e seu semblante cansado.
Nada cura a dor de um sentimento que não existe, pois ninguém mais conhece.
11-08-2010
Ao som de: Silver Stallion – Cat Power
Assinar:
Postagens (Atom)