quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Inverno.



O futuro é incerto. Ele não existe. A sua história ela mesma fazia. E traçava, lentamente numa simples folha de papel. Reciclado. Recriando todas as palavras e letras que sabia. Nada fazia sentido e tudo era incerteza.



Mais um inverno se aproximava e ela esperava o verão chegar. O vento era gelado e trazia certa melancolia que inibia qualquer vontade de levantar da cama e largar aqueles pensamentos sem sentido, atormentados por sonhos vagos e idéias alheias, que lhe perturbavam o sono e não desgrudavam de jeito nenhum. Não gostava do frio e daqueles pensamentos associados a ele. Mas nada explica sentimentos ou lhes dá algum significado ou consideração.


O seu tormento era existir. Isso não lhe bastava e a atormentava dia, noite e madrugada, naquela cama gelada. Não se contentava com uma vida qualquer, sem sentido algum, sem expectativas e perseguida por coisas que queria esquecer.


Era inverno de novo. Ela preferia a primavera. Nem frio demais, nem calor demais. Tudo parece (re) nascer. O inverno apaga a esperança cultivada no outono e nada mais resta, até que uma nova vida surge na próxima estação, e sobrevive por todo verão, na esperança de durar até o outono acabar. Mas isso nunca acontece. A esperança acaba. E é um ciclo infinito de desilusões, esperando outra estação.


E era assim com ela, todo o tempo. Criando expectativas para que crescessem e virassem desilusões. Nada renascia, era tudo sempre igual e do mesmo jeito. Era sempre a mesma coisa, o mesmo ciclo. E a culpa era dela. Somente dela. E de mais ninguém. É mais fácil quando se tem a quem culpar, livra-se de uma frustração inevitável e a consciência não pesa. Mas e quando não depende de mais ninguém? E quando a decisão que toma é o que vai decidir todo o resto?


Hoje começa o inverno e o futuro não existe. Tanto faz. Já não faz mais diferença, muito menos sentido algum. É inverno novamente e tudo é incerteza.


















05-09-2010


Ao som de: Stardust Galaxies – The Parlotones

Um comentário:

  1. Gosto da Primavera... já que nasci em plena.
    Mas meu coração prefere o outuno, concordo com vc nas esparnças que se prolongam assim como o outuno que tentamos segurar e oo inverno evitar... sou assim.

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