quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Metade de mim



Eu sou o que eu vivo.
Ou pelo menos o que escolhi viver,
Mesmo sem nem sempre entender.
Apenas sou.
Não minto. Apenas sinto.
Só pergunte o que realmente quiser saber,
Porque com sinceridade eu vou dizer
A minha verdade.
Porque a verdade é um mero ponto de vista, é relativa.
E eu escolho sentir ou ao invés de definir.
Sentimentos não são fáceis de nomear mesmo.
Sentir impede que a gente pense demais e desista,
Proíba coisas que só fazem bem.
Quando a gente pensa demais começa a julgar a si mesmo e condenar por pecados que não foram cometidos, ou que nem existem.
Fomos feitos com uma imaginação muito fértil
E a gente tende a usá-la de forma negativa, para imaginar coisas sem sentido
Ao invés de imaginar desenhos nas nuvens, notas musicais saindo da fumaça dos carros
Ou movimentos com o corpo, que está sempre comprimido pelo cotidiano.
Por que não usar a imaginação para agradar a si mesmo, para sonhar?
A gente teima também em proibir os sonhos
Com a desculpa que eles não levam a lugar algum.
Devíamos proibir os pesadelos, não os sonhos.
E eu sonho muito. O tempo todo.
Acho que minha imaginação gosta tanto de brincar comigo que me força a dormir cedo demais,
Coloca bigornas em minhas pálpebras e distancia as palavras que ouço, os filmes que assisto e eu durmo, profundamente.
Acho que minha imaginação gosta de brincar com as minhas emoções
E cria desenhos animados em balões de pensamentos, o tempo inteiro.
E eu crio sonhos, que se confundem com a realidade e eu já não sei mais se é sonho ou lembrança.
Lembrança.
Eu não me lembro bem das coisas. Não lembro bem da minha infância, nem de livros que li, nem de nomes.
Mas lembro de sentimentos e sei perceber se algo me fez bem ou mal.
E minhas lembranças são sentimentos em meu coração.
E meus sonhos são em quadrinhos ou desenhos animados, sem rostos.
E, às vezes, com música de fundo.
E eu acordo ouvindo uma canção.
Ou simplesmente percebo que já estou acordada há tempos, e sou eu que estou cantando, bem alto, para externar euforias reprimidas.
E sou movida a sons.
E tudo é música.
E tudo vira música.
E outros cantam pra mim, sentimentos que não sei explicar.
E que só depois eu entendo.
E eu canto também aqueles que já sei entender.
Ou não. E só sinto.
A melodia se faz no silêncio e de uma só vez. Com letra e tudo.
Como se ela já existisse em mim e eu só cuspo.
E percebo que faz todo sentido do mundo.
E o que faz sentido?
Não sei se acredito em destino.
Não acredito em Deus.
Pelo menos, não na ideia convencional de Deus.
Pra mim, Deus é tudo aquilo que o homem não é capaz de criar, por mais que imite.
Como as flores, as árvores, o vento ou o amor.
E chamo de Deus porque ainda não dei outro nome.
Gosto de dar nomes as coisas que são importantes para mim.
Gosto de associar cores também.
E acho que “Deus” não tem culpa ou responsabilidade de nada.
Mas quando a culpa é nossa a gente põe em quem quiser, não é mesmo?!
Nós é que fazemos nosso próprio destino.
Se queremos algo, só depende de nós mesmos.
É bem mais fácil ter a quem culpar e dizer: “Deus quis assim.” Ou “É obra do destino”.
É difícil assumir e dizer: “Não aconteceu porque eu falhei.” Ou “Não aconteceu porque eu não quis ou me empenhei pra isso.”
E a diferença entre empenho e esforço é que empenho vale a pena, porque algo recebe em troca, como uma medalha.
O esforço é vazio. Acompanhado de reclamações.
E a gente tende a reclamar das coisas mesmo.
Parece que para justificar o que a gente não quer admitir.
E é difícil admitir mesmo.
É preciso coragem.
E coragem não é uma bala que você engole e fica gigante.
Mas uma manivela enferrujada que é difícil demais de girar,
Mas que quando gira, tudo funciona.
Só é preciso um pouco de força e não desistir.
E a gente tende a evitar o que é difícil.
Talvez para não ter que assumir o “não consigo”.
E o “não consigo” é só o “desisto de tentar”.
O impossível é só aquilo que a gente ainda não descobriu.
E todos os dias eu descubro que cada dia é único.
E tenho quebrado preconceitos meus em relação à rotina.
E desconfio que ela não exista.
Mas pra isso, é preciso prestar atenção nos detalhes.
E não guardar rancores.
E espalhar amores.
Porque amor e carinho a gente dá.
Não cobra, não esconde.
Quanto mais a gente dá, mais a gente tem.
Por que economizar uma coisa que só faz bem pra gente mesmo?!
E meu amor é grande o suficiente para dar em doses diárias de carinho.
E acho que não dá pra escolher, a gente pode tentar, mas acho que deixa de ser sincero.
Tem que ser espontâneo.
Por que negar um “Eu te amo”... “Você me faz bem”... “Eu gosto de você pra caralho”...?!
Um cafuné ou abraço apertado faz toda a diferença num dia ruim.
Um ouvido disposto, um olhar afetuoso e um toque carinhoso.
Por que é errado dar amor?
Ou por que falta coragem para dar amor?
Acho que os dias seriam melhores se palavras doces tocassem nossos ouvidos pela manhã e antes de dormir.
E a gente não escolhe quem amar. A gente só ama.
A gente pode fingir que não vê, mas o amor tá ali...
Num suspiro, num coração acelerado, numa bochecha enrubescida ou num olhar desviado.
Ou simplesmente carinho.
E gente não pode TER amor. A gente não pode possuir algo que é Deus.
Ninguém possui Deus.
Ele apenas existe.
E o amor, pra mim é Deus.
E eu não possuo. Só posso sentir.
E não há quem possua algo que não é meu.
Eu mesma não sou minha, quanto mais de alguém.
Eu só cuido de um corpo que habito.
E tenho a liberdade de fazer dele o que achar melhor.
E prezo por essa liberdade que se fez em mim, a ponto dela ter tanta importância quanto os sonhos.
É ela que me move. É ela que me guia. Que me faz ficar.
Porque sei que a escolha é sempre minha.
E por ser livre só escolho o que quero.
Não minto.
Nem pra mim mesma.
Às vezes, num impulso humano, não olho para as coisas que sinto,
Finjo que elas não existem.
Mas eu não posso me esconder de mim mesma o tempo todo.
Um hora ou outra eu sempre me acho.
 E amar é deixar livre.
Livre para ir e livre para voltar.
E deixar a porta sempre aberta, sem julgar ou punir.
Porque no fim das contas a gente só colhe o que planta mesmo.
E hoje, eu escolhi plantar o amor.
E deixar a porta sempre aberta,
Regando um jardim de flores que eu não quero que seque.
Não quero que as flores morram.
Assim como não quero que os sonhos morram.
Eu preciso deles para respirar, para compor, para ocupar minha imaginação tão fértil.
E eu olho o sol, o vento fazendo as árvores dançarem e sinto o amor dentro de mim.
E sorrio ao me encontrar com Deus.
E não o considero injusto e nem acho que vá me castigar por desobedecê-lo.
O “meu” Deus não é assim.
Apenas contemplo o “bom dia” que recebo e amor
Que me é dado a cada respiração do vento em meu rosto.
A cada sensação em meu corpo.
A cada batida do meu coração, que insiste em pular e fazer firulas no meu peito.
A cada sonho bom.
E a cada momento que se foi e deixo livre para voltar.
E a felicidade está ali, exatamente nos detalhes.
E como é bom abrir o olhar para os detalhes!
Ele revelam.
Me revelam.
Os outros.
Os outros em mim.
Por que ficar se remoendo de tristeza quando se tem lembranças, sonhos e imaginação?!
Ainda mais quando se tem imaginação...
A gente tem, exatamente, o que conquista.
E conquista, aquilo que busca.
E busca aquilo que quer.
E quer o que faz bem.
E o que faz bem é o que traz sorriso.
E sorri, quando encontra a felicidade.
E a felicidade está nos detalhes.
É só olhar, pra ver.
E tudo é uma escolha.
E eu escolhi olhar.


domingo, 25 de agosto de 2013

Encontro.



E hoje ao acordar eu me encontrei com Deus.
Mas não esse Deus que bate na porta no dia de domingo trazendo um trecho da bíblia pra mudar minha vida.
Me encontrei realmente com Deus.
Ao sair de casa, um passarinho de barriga amarela me sorriu.
Depois fugiu. O encontrei novamente. E ele fugiu novamente.
Apareceu só pra mim. Sorriu só pra mim.
Fez graça, zombou da minha loucura e se foi.
Sem adeus, se foi como chegou: de repente.
E no caminho que trilhei o sol me sorriu também
Refletindo uma luz transcendental no asfalto,
Que também sorria numa curva bem definida.
E o sol sorria no asfalto.
E o asfalto sorria para mim.
Tive que olhar duas ou mais vezes para trás para acreditar.
E a cada passo, a luz se tornava mais intensa.
E chegando ao meu destino mais uma vez a natureza sorriu para mim.
Através de uma árvore com flores amarelas.
Já a tinha reparado antes, mas hoje era única, como um primeiro encontro.
Forrava o chão com um tapete amarelinho amarelinho
E pensei:
Cada flor que cai é como um amor que se vai.
Em cada galho vazio vai nascer um novo amor, uma nova flor.
E o amor que vem, se vai...assim como chega....assim como um passarinho de barriga amarela.
E o amor é o ar que respiro.
Ele vem e vai.
Mas nunca se ausenta.
E ao fechar os olhos, senti o vento dançando comigo a canção que tocava em meus ouvidos,
Que fazia todo sentido do mundo.

E assim, me encontrei com Deus. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Coragem.



É quando a gente tem um nó bem grande e apertado na garganta,
Que esmaga todas as palavras não ditas,
E a gente insiste em fazer de tudo para desapertar.
É quando a gente tem insônia
E faz de tudo pro sono chegar.
(Mesmo que isso implique em arriscar contar carneirinhos, de vez em quando.)
É quando a gente ensaia em frente o espelho o que vai dizer no dia seguinte,
Mesmo que não consiga encarar a si mesmo.
É quando a gente sabe do amanhã e mesmo assim quer que ele chegue.
É quando a gente teima em desafiar o destino.
É quando a gente fecha os olhos para as consequências que a gente sabe,
Vão chegar.
É quando a gente bota o medo de lado ou simplesmente dá um pontapé nele
E torce pra ele demorar pra encontrar o caminho de volta.
É quando o coração bate forte e acelerado
E a gente não tenta controlar, usa a adrenalina a nosso favor.
É quando parece que nada mais importa, a não ser aquele momento.
É quando a gente respira fundo, toma fôlego ou engole o choro.
É quando as palavras não saem, mas o olhar comunica.
É quando a gente sente vontade de sair de casa,
Mesmo em dia de chuva.
É quando a gente corre pra chegar em algum lugar a tempo.
É quando a gente fala a verdade, mesmo que machuque.
É quando a gente ama, sem medir tamanho ou status no facebook.
É quando a gente diz o que pensa, mesmo que o outro pense o contrário.
É quando a gente sabe que não vai adiantar fazer
E mesmo assim faz.
É quando a gente acelera os ponteiros do relógio ou faz com que eles parem,
Numa hora qualquer.
É quando, mesmo sem dinheiro, a gente quer dar um presente,
Pensando que o que importa é a intenção.
É quando a gente acredita que pode fazer algo, mesmo que o mundo inteiro diga que não.
É não se importar com o resto do mundo e fazer de tudo para encontrar a felicidade.
É saber que a felicidade não é constante e mesmo assim querer abraçá-la.
É ouvir uma música triste, mesmo sabendo que vai chorar.
É chorar, mesmo sabendo que vai sentir vergonha.
É vencer a preguiça.
É fazer conta difícil de cabeça.
É gritar, antes que enlouqueça.
É apostar, mesmo sabendo que é bem possível que perca a aposta.
É não entregar o prêmio, pois sabe que o jogo pode virar.
É dizer que gosta, mesmo se não tiver resposta.
Ou nem dizer e dar um abraço apertado.
É tomar banho gelado, mesmo quando está frio.
É comer algo que nunca comeu, correndo o risco de não gostar.
Ou pior, de gostar.
É ver um filme legendado.
É botar salto alto e esbanjar sorrisos.
É perguntar “por que?”, mesmo quando não deve.
E perguntar “por que não?”, sempre que tiver em dúvida.
É admitir.
É enfrentar.
É correr atrás, mesmo que canse.
É desistir, se for preciso.
É não desistir, se tiver chance.
É acreditar, em si mesmo primeiro.
É acreditar...
Que vale a pena.







domingo, 18 de agosto de 2013

Escolhas. (II)




Tudo na vida é escolha.
Viver é uma escolha.
A gente escolhe o que quer ser.
Mas não é fácil conseguir ser.
Nada depende só de você mesmo,
Mas você é o grande responsável pelos seus atos e decisões.
A gente não escolhe o que sente.
Mas escolhe o que fazer do que sente. 
E isso ninguém decide por nós.
E tudo que sentimos, seja bom ou ruim,
Só reverbera na gente mesmo,
É dentro da gente que toda a confusão se dá.
A gente não escolhe o que pensa.
Mas pode escolher o que diz.
Tudo que escolhemos mostrar ao mundo, já não é mais nosso.
O segredo só existe, se ninguém mais sabe,
Não se pode adivinhar pensamentos
(A menos que você tenha uma bola de cristal, daí pode.),
Mas se pode tentar prever e agir antes que magoe alguém ou fazer uma surpresa, só pra agradar.
A gente não pode escolher ou controlar vontades,
Mas a gente escolhe enxergá-las ou não.
A gente não escolhe abrir os olhos e ver o que acontece a nossa volta,
Mas a gente escolhe fingir.
Fingir ver, fingir sentir, fingir entender...
A gente não escolhe que as coisas não saiam como planejado
Mas a gente escolhe como lidar com isso...
A gente não escolhe brigar ou estabelecer um conflito,
Mas a gente escolhe enxergar o problema e tentar resolver.
(Ou fingir que está tudo bem e que ele não existe.)
A gente não escolhe sofrer.
Ou, às vezes, escolhe.
A gente sempre tem uma escolha.
E só a gente mesmo escolhe o rumo da nossa vida.
E ninguém pode escolher por nós,
Por mais que a gente sempre espere que isso aconteça.
(É sempre mais fácil, se for assim.)
Nunca é fácil escolher,
Mas ou a gente escolhe ou a vida pára, estagna.
E a gente se pega na mesmice cotidiana que nos incomoda.
Mas nada acontece a menos que você faça algo.
Além de esperar.


16.08.2013.

" - O tempo muda tudo.
  - É o que dizem, mas isso não é verdade.
    Fazer as coisas. Isso muda tudo.
    Não fazer nada deixa as coisas exatamente na mesma."

-Dr. House.